Por Geraldo Almendra
É difícil imaginar algo pior para uma sociedade do que está acontecendo no Brasil. Ao não demitir o ministro Lupi a presidente desautorizou, em definitivo, a moralidade dentro do poder público e, por decorrência, nas relações público-privadas. Tudo o mais virou conversa fiada e de botequim.
O descaso com as regras formais e obrigatórias de conduta moral chegaram ao fundo do poço diante da postura da presidente que se volta, não contra o bandido, mas contra todos os que pedem sua punição. Essa sua postura somente é possível diante da covardia das instituições que têm a obrigação de evitar que o país seja destruído pelas ações das gangs que tomaram conta do poder público, ou seja, o poder Judiciário com seus Tribunais Superiores se comportando como lacaios do poder Executivo, o Tribunal de Contas e o Ministério Público como figurantes desautorizados, e a Policia Federal que gasta bilhões do contribuinte para prender corruptos e a Justiça soltar. Do poder Legislativo, comprado pelo mensalão, nada mais precisa ser dito.
Não precisamos escrever sobre as polícias civis e militares que já se mostraram infestadas de policiais-bandidos seguindo o exemplo dos escalões superiores da pirâmide do Estado.
A presidente simplesmente demonstra seu total desapego com os mais básicos princípios que devem nortear a postura de quem ocupa o cargo de presidente da República, e a mesma já deveria ter sofrido um processo de impeachment, se o Congresso Nacional não fosse apenas um apêndice apodrecido e safado do poder Executivo.
Se a sociedade brasileira tivesse um mínimo de vergonha na cara sairia em massa nas ruas exigindo o fim da sacanagem da corrupção desvairada que transformou a gestão do poder público em descarada negociação entre bandidos.
Ninguém precisa dizer que quem está por trás disso tudo é o ex-presidente Lula, na verdade, o presidente de fato do país, pois governar para esse senhor é conciliar os interesses entre os covis de bandidos públicos e privados que disputam palmo a palmo fatias do roubo do dinheiro do contribuinte, associado com gente que será responsável pela volta do Retirante Pinóquio ao poder em 2014.
Quando o ex-presidente praticamente gastou dois anos de seu último mandato e derramou bilhões de reais nos custos da eleição estelionatária de sua apadrinhada sabia o que estava fazendo, pois o tapete de suas duas gestões não poderia ser levantado, e somente sua candidata, gerente de quinta categoria, e cúmplice de todos os seus desvios de conduta, poderia desempenhar esse vergonhoso papel. O poder público está lotado de arquivos vivos que devem ser mantidos com a boca fechada.
O silêncio da sociedade diante de mais de 12 anos de escândalos de corrupção descarada transformou o país em uma sociedade moralmente decadente que demonstra aceitar que as gangs que transformaram o poder público em um covil de bandidos tenham na impunidade seu salvo conduto para continuar roubando e nos fazendo de idiotas e palhações, isto é, os que trabalham mais de cinco meses por ano para sustentar essa roubalheira sem fim.
O Estado realiza o mínimo o os bandidos roubam o máximo com o aval de uma sociedade que aceita ser governada por verdadeiras quadrilhas de corruptos, desde que possa continuar recebendo apenas uma fração daquilo a que teria direito. Assistencialismo, corrupção e suborno, esses são os valores sociais fundamentais resultantes da Fraude da Abertura Democrática.
Chega-nos noticias de que Marcos Valério, o gestor privado do mensalão continua trabalhando como interlocutor de interesses ilícitos nas relações público-privadas.
O lobista José Dirceu, denunciado por um Procurador Geral da República como o chefe da gang dos 40 continua vendendo e comprando serviços para o submundo do PT e seus cúmplices a todo vapor.
Um jornalista denuncia que o rombo do Panamericano foi uma armação envolvendo Lula e Silvio Santos.
O escândalo na casa Civil envolvendo Erenice guerra funcionária braço-direito da atual presidente já virou história esquecida e ninguém mais toca no assunto.
O poder da Justiça no país está se acostumando a morrer na praia, pois a banda boa é mínima e a sórdida não para de crescer fazendo acordos espúrios no submundo dos corredores dos tribunais.
Poderíamos continuar preenchendo páginas e mais páginas com centenas de escândalos que já caíram no esquecimento da sociedade e, vergonhosamente, da própria Justiça, que vai empurrando tudo com a barriga para ficar de bem com o corporativismo marginal que faculta a quem tiver bons amigos dentro dos podres Poderes da República pegar uma boquinha ou ser o mentor-favorecido de mais assaltos ao bolso do contribuinte.
A pergunta que todos os que não querem acreditar que essa patifaria de poder público possa continuar impune é a seguinte: por que ninguém vai preso?
A resposta é muito simples: os bandidos são reféns de bandidos e se um abrir a boca, dependendo de quem seja a casa vai cair, soterrando esses canalhas. Mesmo a sociedade mais promíscua tem limites para sua promiscuidade.
Esse é o final da Fraude da Abertura Democrática que fez do país uma mentira de democracia que garante a quase total liberdade da promiscuidade moral e social nas relações públicas e privadas, enquanto um Estado policial e fascista cuida do resto, mantendo em silêncio pela corrupção, pelo suborno e por assassinatos pontuais, qualquer movimento que possa desestruturar o mais sórdido e covarde projeto de poder da história do país: o domínio da sociedade pelo petismo.
Se os comandantes das Forças Armadas tivessem um pingo de dignidade, honra e respeito à Constituição e às fardas que vestem – apenas uma fração das qualidades demonstradas pelos comandantes em 1964 – já teriam dado um fim nessa patifaria que tomou conta do poder público e transformou o país em um Paraíso de Patifes.